Por Eduardo Brunetto

Já bem velhinho, quase surdo, um tanto quanto alcoólatra e mais teimoso do que nunca, Woody Grant (Bruce Dern) acredita ter ganho um milhão de reais de um panfleto de revistas premiado e pretende ir até Lincoln, Nebraska buscar seu prêmio…a pé. A família tenta impedir, mas seu filho, David (Will Forte), vendo que é impossível, resolve levá-lo. É então que no caminho eles acabam fazendo uma paradinha na cidade natal de Woody, que vira uma celebridade por supostamente estar milionário.
É um grande erro ir assistir esse filme esperando uma história com começo, meio e fim. Nebraska é um filme que te entrega vários momentos aleatórios que devagar vão construindo a narrativa, não muitas vezes levando em conta se estamos acompanhando o grau de importância que algumas cenas têm para a história em si. Melancólico e lento, o roteiro vai te levando pela viajem de Woody e David sem olhar para o banco de trás e perguntar se você ainda está acordado.
Mas, aqueles com paciência de assistir ao filme até o final, perceberão que esse ritmo tem um motivo. Inicialmente o roteiro te faz analisar os acontecimentos e principalmente as atitudes e tudo o que se fala sobre Woody com base no que foi mostrado desde o começo do filme. Porém, durante o longa tanto David, filho de Woody, quanto nós vamos conhecendo mais do passado desse homem, e passamos a interpretar os fatos com um novo olhar e entender o outro lado da moeda, o lado Woody Grant da moeda.

Alguns dizem que o preto e branco do filme serve apenas para sugerir um diálogo com o passado. Na verdade representa mais do que isso, representa a vida de Woody, já preta e branca, degastada e sem graça. Porém, David consegue perceber que ela um dia já foi colorida, agitada, cheia de amores e emoções.O filme até pode ser um tanto quanto chato, arrastado e triste, mas no final ele te faz querer largar tudo, se sentar com o seu velho, tomar uma cerveja e ouvir algumas das histórias que ele tem para contar.
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