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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cinema: A Vida Secreta de Walter Mitty - Crítica.

Por Eduardo Brunetto.


Imagine apenas um cara pacato, organizado, e extremamente ligado ao seu trabalho que, inicialmente por uma necessidade, começa a viajar o mundo, conhecer pessoas e vivenciar experiências. É quase que uma utopia para todos, largar tudo e sair por ai, e talvez por isso A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty) proporcione uma catarse tão intensa quando assistido e ainda, somado a experiência, proporciona uma fotografia deslumbrante, revelando o ótimo trabalho de Ben Stiller como diretor e ator nesse filme.
Walter Mitty (Ben Stiller) trabalha para a revista Life e por muitos anos cuidou das fotos de Sean O’Connell (Sean Penn) um fotógrafo genial que viaja pelo mundo inteiro para tirar suas fotos. Porém, justamente na última edição física da revista, Walter perde a foto que deveria ser a capa mandada por Sean e começa a procurar o destemido fotógrafo pelos mais remotos lugares do mundo a fim de recuperar o paradeiro da fotografia.
               Constantemente sonhando acordado, Walter Mitty sofre de intensos transes que servem para compensar a falta de ação do seu dia a dia e ficam no ar como um desejo do que poderia ter sido, do que ele queria ter feito, mas na verdade não fez. A fotografia extremamente bonita e vívida encontra ai a sua justificativa, pois faz a vida real se confundir com os constantes sonhos de Walter e tornam a realidade tão deslumbrante quanto um sonho. Lembrando um pouco A Vida de Pi (Life of Pi).
               Nos é  também apresentada uma trama romântica. Primeiramente fútil, mas que durante o filme evoluí, assim como o personagem e suas motivações. Walter era inicialmente um cara inseguro que apenas vivia sonhando acordado, e que acaba viajando pelo mundo e amadurecendo. O mesmo ocorre com o filme em si, inicialmente bobo, apresentando tramas simples que vão ficando mais densas e com o passar do filme mais significativas, assim como o próprio caderno de viagem de Walter.
O ritmo do filme é irregular. Por mais que alguns possam achar isso uma cópia do estilo indie de se fazer cinema, Ben Stiler consegue casar essas irregularidades com a personalidade do personagem. Uma hora a cena é lenta, assim como Walter com medo de agir e seguindo sua rotina, e inesperadamente o ritmo muda completamente passando para uma ação alucinada, representando um dos sonhos de Walter, ou uma repentina mudança de motivação.

               Para quem consegue comprar o filme e desligar seu senso de realidade, A Vida Secreta de Walter Mitty se torna um filme prazeroso, cheio de significados, frases e uma ótima trilha sonora. Perdido em uma fotografia surreal e no desejo de aventura do pacato Walter Mitty é possível viajar com ele e partilhar de suas experiências e como disse o fotógrafo Sean para Walter “ As coisas mais belas não precisam chamar a atenção”, porém esse filme chama, mas não deixa de ser belo.

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