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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Cinema: Gravidade - Crítica.

Por Eduardo Brunetto




Pensar em uma ficção cientifica espacial cheia de suspense que mistura desespero e agonia com uma pegada incrivelmente realista, já é um motivo e tanto para ir ao cinema. Porém, usar isso de plano de fundo para criar uma alegoria a fim de discutir a vida, suas dificuldades e superações é algo que só Gravidade consegue fazer.
Alfonso Cuarón, diretor, conseguiu fazer qualquer um se perder e só se reencontrar após as curtas uma hora e meia de filme. Nele, é contada a história de Ryan Stone (Sandra Bullock) e de Matt Kowalsky (George Clooney), astronautas enviados para uma missão de reparo em um satélite americano no espaço, quando ocorre um acidente com algum satélite russo criando uma nuvem de destroços. A partir dai o filme se torna uma luta constante de sobrevivência e suspense que chega a tornar o ar rarefeito.
Toda essa imersão ocorre devido à qualidade dos efeitos gráficos, posicionamento de câmera, trilha sonora e atuação. Aqui, os efeitos especiais não são os holofotes da produção, mas funcionam para criar um ambiente tão detalhado e realista que cria as condições perfeitas para o desenvolvimento da história. As câmeras contam com uma constante movimentação, uma hora passando a ideia do astronauta em relação ao ambiente, outra afastando o foco e os tornando parte do espaço. Já a trilha sonora serve para substituir a ausência de som que existe fora da atmosfera e as músicas conseguem simular o impacto e a profundidade de acontecimentos que, no completo silêncio, perderiam a graça. E a excelente atuação de Sandra Bullock fecha o pacote, tornando todo esse ambiente criado por Cuarón vivo e humano.
Mas não é só isso que Gravidade pretende mostrar. É claro que uma trama de sobrevivência e suspense na solidão do espaço acaba atraindo o foco, mas quando se repara o que existe por trás daqueles destroços, do desespero e da trama principal o filme ganha complexidade. Durante o longa, o papel da Dra. Stone, conforme vai sendo desenvolvido e revelando fatos que ocorreram na vida da Dra. enquanto em Terra,  extrapola o simples objetivo de sobreviver diante daquela situação, e passa a exprimir a ideia de renascer. Escolher a vida ao invés da lamentação. Seguir em frente ao invés de se fazer o que é fácil. Tudo isso usando como fundo o cenário catastrófico espacial e escondendo, de certa forma, as semelhanças entre o filme e a vida real.

Gravidade é um filme completo que busca envolver e sugar a atenção de quem assiste até a última gota. E realmente o faz. E quando em posição fetal a Dra. Stone flutua dentro de uma nave como se estivesse em um útero, o propósito do filme fica claro, a dúvida que resta é o quão impactante isso é para cada um do outro lado da tela. 

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