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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Cinema: O Hobbit - A Desolação de Smaug - Crítica

Por Eduardo Brunetto



                Quando escreveu O Hobbit, Tolkien não tinha a mínima intenção de expandir o universo da Terra Média e transformá-lo no que se tornou em O Senhor dos Anéis. Era apenas um livro descompromissado dedicado aos seus filhos e que, como o próprio autor já disse, teria o reescrito se tivesse claramente em mente o futuro que a história poderia tomar. Agora, imagine se isso realmente tivesse ocorrido. Se Tolkien tivesse transformado o que se lê em O Hobbit em algo tão denso e interligado servindo de fato como prelúdio para a O Senhor dos Anéis. Foi exatamente essa sensação que Peter Jackson tenta trazer na trilogia de O Hobbit.
               A trama desse segundo filme, A Desolação de Smaug, se tornou mais séria e dramática do que a do primeiro, como uma escada que começa em uma aventura e devagar sobe até o épico. Essa transformação de abordagem se dá para conectar mais fortemente a trilogia de O Senhor dos Anéis com essa. Isso proporciona cenas que deslumbram os fãs de Tolkien ao adicionar toda uma explicação para o papel de Gandalf (Ian McKellen) durante a caçada dos anões, todo um maior desenvolvimento de personagens como o de Bard (Luke Evans), que no livro é apenas um personagem secundário e aqui ganha um aprofundamento muito válido, e as crescentes mudanças de relação entre Bilbo (Martin Freeman) e o anel, e Thorin (Richard Armitage) e o tesouro. E até uma maior ambientação, como a Cidade do Lago, seus problemas sociais que justificam as ações dos personagens e se conectam com o passado de Bard.
               É claro que todas essas incisões feitas por Jackson acabam gerando certas “barrigas” e tramas paralelas desnecessárias que incomodam, mas não chegam a estragar o filme. Um exemplo é a onipresença da personagem acrescentada pelos roteiristas a fim de criar uma personalidade feminina na trama, Tauriel (Evangeline Lilly). A personagem até se mostrou necessária e justificável, mas essa de triângulo amoroso não desceu muito bem, não é Peter Jackson? Apenas serviu para distrair o filme do seu enredo principal.
Em quesitos gráficos, como ação, este filme conseguiu superar o primeiro e mostrar um verdadeiro “Balé na Terra Média”, como já disse Érico Borgo. A ação é pontual, bem construída, empolgante e algumas vezes até engraçada. O dragão, tão questionado pela sua estranha aparência no trailer, ficou bem feito, imponente e ganhou vida na voz de Beneditc Cumberbatch. Os cenários como a Floresta das Trevas, a desolada Erebor e a cidade dos Elfos da floresta se mostram impecáveis e muito bem construídas.

Esperar um filme totalmente fiel ao livro não é só ingenuidade, é também burrice. Os personagens, as principais cenas, as principais falas estão presentes no filme, só que ampliadas e emaranhadas com novos personagens e perspectivas diferentes. Dizer que isso é não ser fiel ao livro é não saber aproveitar aquilo que está se passando na tela. Esse é um filme que veio para presentear os fãs do universo Tolkien e pode até ter desagradado aqueles que se limitam a conhecer apenas a O Hobbit. Afinal, aquelas cenas do Gandalf com o Necromante, a presença do Legolas e Azog, O Profano não significam muito para aqueles que não conhecem O Senhor dos Anéis como um todo. O que pode ter desagradado mais, foi que esse filme não resolveu muita coisa, apenas deixou ganchos para o terceiro. Porém é prematuro julgar esse filme separadamente, o veredito só poderá ser dado quando os três filmes estiverem prontos e serem analisados com um todo. E o próximo, com certeza promete muito.    

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