Por Eduardo Brunetto
Se existe um cara nesse mundo que sabe como contar uma
história, esse cara é Martin Scorsese.
Não necessariamente cronológica, porém narrada e explicada pelo protagonista, o
diretor quando faz filmes biográficos constrói uma conversa entre o
personagem e o espectador gerando até certa afinidade entre ambos. Foi
assim em Os Bons Companheiros (Goodfellas
1990), e é agora em O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street).
Jordan
Belfort (Leonardo DiCaprio) é um ambicioso jovem que procura nos confins de
Wall Street o caminho para sua fortuna. Com certo azar, em seu primeiro dia
como corretor, a bolsa de valores sofre uma queda nunca vista desde a grande
crise de 1929. A corretora na qual trabalhava, Rothschild, que funcionava já há
100 anos acabou fechando as portas. Desempregado, ele acaba conhecendo o outro
lado da sua profissão, na qual ações extremamente baratas eram vendidas para
trabalhadores de classe média com um alto lucro de comissão. Jordan não demorou
muito para analisar o sistema, encontrar uma forma de se beneficiar, e fazer
uma fortuna.
Mas o
filme vai muito mais fundo do que apenas explicar a ascensão e o declínio econômico do Lobo,
ele foca em sua vida pessoal, em seus escândalos memoráveis, suas noitadas e nas mais de 1001 formas de se drogar que Jordan encontrava. Episódios famosos como
tentar pilotar um helicóptero com apenas um olho aberto após ter tomado uma
droga cujo efeito causava visão dupla e afundar um Iate no oceano estão
presentes no longa. Além de simplesmente mostrar, Scorsese usa da narração do
personagem para de algum modo explicar as motivações e o porquê dessa vida tão desregrada,
e até o quão natural isso era aos olhos de Jordan e de seus amigos e quão assustadora
é perante os nossos. Somado a isso, o filme tem um ritmo rápido que constrói
rapidamente, por meio da narrativa de Belfort, o significado de cada cena, e
então de repente a narrativa para, o filme fica mais lento e te deixa apreciar.
Em
termos de atuação DiCaprio está insano. A curva motivacional de seu personagem
é realmente muito bem feita pelo ator. Primeiramente é retratado um Belfort já
maduro e rico que segundo ele mesmo usava drogas num dia suficientes para dopar
Manhattan, Long Island e o Queens, por um mês, que narra a própria história
desde quando era um inocente garoto que entrou no jogo dos negócios até
se tornar o Lobo de Wall Street. É impossível não mencionar Jonah Hill no papel
de Danny, sócio de Belfort. Após seu papel em O Homem que Mudou o Jogo ( Moneyball),
Jonah conseguiu fugir dos seus papéis apenas envolvidos com comédia e teve
oportunidades de mostrar seu talento em filmes como esse. Sem decepcionar o
gordinho de Superbad manda muito bem.
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