Páginas

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Cinema: O Lobo de Wall Street - Crítica.

           Por Eduardo Brunetto    

                Se existe um cara nesse mundo que sabe como contar uma história, esse cara é  Martin Scorsese. Não necessariamente cronológica, porém narrada e explicada pelo protagonista, o diretor quando faz filmes biográficos constrói uma conversa entre o personagem e o espectador gerando até certa afinidade entre ambos. Foi assim em  Os Bons Companheiros (Goodfellas 1990), e é agora em O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street).
               Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) é um ambicioso jovem que procura nos confins de Wall Street o caminho para sua fortuna. Com certo azar, em seu primeiro dia como corretor, a bolsa de valores sofre uma queda nunca vista desde a grande crise de 1929. A corretora na qual trabalhava, Rothschild, que funcionava já há 100 anos acabou fechando as portas. Desempregado, ele acaba conhecendo o outro lado da sua profissão, na qual ações extremamente baratas eram vendidas para trabalhadores de classe média com um alto lucro de comissão. Jordan não demorou muito para analisar o sistema, encontrar uma forma de se beneficiar, e fazer uma fortuna.
               Mas o filme vai muito mais fundo do que apenas explicar a ascensão e o declínio econômico do Lobo, ele foca em sua vida pessoal, em seus escândalos memoráveis, suas noitadas e nas mais de 1001 formas de se drogar que Jordan encontrava. Episódios famosos como tentar pilotar um helicóptero com apenas um olho aberto após ter tomado uma droga cujo efeito causava visão dupla e afundar um Iate no oceano estão presentes no longa. Além de simplesmente mostrar, Scorsese usa da narração do personagem para de algum modo explicar as motivações e o porquê dessa vida tão desregrada, e até o quão natural isso era aos olhos de Jordan e de seus amigos e quão assustadora é perante os nossos. Somado a isso, o filme tem um ritmo rápido que constrói rapidamente, por meio da narrativa de Belfort, o significado de cada cena, e então de repente a narrativa para, o filme fica mais lento e te deixa apreciar.
               Em termos de atuação DiCaprio está insano. A curva motivacional de seu personagem é realmente muito bem feita pelo ator. Primeiramente é retratado um Belfort já maduro e rico que segundo ele mesmo usava drogas num dia suficientes para dopar Manhattan, Long Island e o Queens, por um mês, que narra a própria história desde quando era um inocente garoto que entrou no jogo dos negócios até se tornar o Lobo de Wall Street. É impossível não mencionar Jonah Hill no papel de Danny, sócio de Belfort. Após seu papel em O Homem que Mudou o Jogo ( Moneyball), Jonah conseguiu fugir dos seus papéis apenas envolvidos com comédia e teve oportunidades de mostrar seu talento em filmes como esse. Sem decepcionar o gordinho de Superbad manda muito bem.
               Cheio de exaltações ao seu estilo de vida fútil e materialista e com certo orgulho de suas proezas, Belfort narra sua história e Scorsese constrói seu filme. Por esse fato, Scorsese chegou a ser criticado por fazer apologia as drogas e a forma geral como Belfort vivia. Concordo que, realmente, o filme te empolga justamente por esse seu lado mais imoral, mas deve-se lembrar de que ele é adaptado da obra do próprio Belfort e tudo que Scorsese faz é passá-la para as telas. Sem falar que o estilo de vida do magnata faz apologia por si só, afinal quem não queria ser um bilionário a custa dos outros e ficar chapado o dia inteiro?  

Nenhum comentário:

Postar um comentário